Wagyu: carne mais desejada do planeta

 

Índice de marmoreio e maciez fizeram muitos pecuaristas paranaenses investirem na criação da raça japonesa Expectativa do pecuarista João Noma é iniciar a comercialização da carne de Wagyu com sua marca própria em 60 dias.

Um gado que era utilizado no Japão no século XIX para fornecer tração para o cultivo de arroz chega ao século XXI como uma das carnes mais desejadas do planeta. Macia, saborosa e de marmoreio (gordura entremeada nas fibras) único, a carne da raça Wagyu tem uma demanda crescente no mercado gourmet brasileiro. Os pecuaristas paranaenses já perceberam essa movimentação do consumidores, que chegam a pagar R$ 600 por um quilo de contrafilé da raça.

Atualmente, o rebanho brasileiro conta com cinco mil animais Wagyu, distribuídos por diversos estados. O principal produtor é São Paulo, seguido por Mato Grosso do Sul. O Paraná ocupa a sexta colocação, mas entre o ano passado e este ano, o número de produtores interessados em trabalhar com a raça saltou de um para sete, sendo que alguns deles trabalham na região de Maringá. A divulgação da carne foi intensa durante a 43ª Exposição Feira Agropecuária, Industrial e Comercial de Maringá (Expoingá), que termina amanhã no Parque de Exposições Francisco Feio Ribeiro.

O presidente da Associação Brasileira dos Criadores da Raça Wagyu, Sadao Iizaki, foi um dos primeiros a apostar que a carne poderia fazer sucesso no País, em 1995. Porém, ele relatou à reportagem da FOLHA que durante um período de dez anos, poucos acreditavam que o rebanho daria certo. "Hoje, o pessoal sabe que se trata da carne mais macia e marmorizada do mundo. Isso está fazendo toda a diferença para que haja um aumento da procura."

Se por um lado a demanda é grande, por outro o que se percebe é que os criadores ainda não dão conta de atender este refinado mercado. No Paraná, cerca de 50% da carne Wagyu consumida vem da Austrália. Ou seja, há muito espaço para crescimento.

Um dos primeiros pecuaristas que investiram no Estado foi João Noma, da Noma Agropecuária. Em 2005, ele passou a criar a raça em Mandaguaçu e também em São Francisco do Guaporé, em Rondônia. Hoje ele conta com um plantel de 290 animais e, por meio da sua empresa, comercializa genética Wagyu para seis pecuaristas parceiros. "Triplicamos a venda de embriões no último um ano e meio de trabalho. Hoje, comercializamos de 30 a 40 embriões por mês, no valor de R$ 4 mil cada. Garantimos inclusive o nascimento do animal", explica ele.

O marmoreio do Wagyu tem escala mundial de 1 a 12. Na propriedade de Noma em Mandaguaçu, eles já atingiram o grau 8, número excelente para os padrões brasileiros. Segundo o produtor, é preciso estudar o mercado para ver se é válido aumentar essa escala, já que muitos ainda associam a gordura a algo ruim. Vale dizer que é este marmoreio distribuído de modo homogêneo pelas fibras que proporciona à carne suculência e maciez únicos. "A comercialização está muito boa. Valor agregado da carne está ligado diretamente à qualidade da gordura, que é mais leve e de colesterol bom", complementa Noma.

Em 60 dias, a expectativa do pecuarista é o início da comercialização com sua marca própria, primeiramente em supermercados de Maringá. Ele está com alguns animais prontos para abate, inclusive de parceiros. A marca se chama Wagyu Prime Beef Noma. "O contrafilé custa de R$ 400 a R$ 600 o quilo no marmoreio 8", finaliza Noma.

Publicação – Suplemento da Folha de Londrina – Folha Rural.